Se as escolas fossem austríacas

0 comments


Todos os anos, no início do ano lectivo, aparecem as queixas do costume: É a menina que não teve vaga na escola do outro lado da rua de sua casa; a aldeia cuja escola fechou e as crianças têm de viajar X Kms até à aldeia vizinha; os professores colocados onde não querem viver; os professores não colocados; etc.
Tudo isto resultado de uma causa elementar. A insistência dos iluminados planeadores centrais em amordaçar a única ferramenta que permitiria o encontro de oferta e procura: Um sistema de preços efectivamente livre.
Pelo contrário, o Ministério da Educação toma (ou melhor, impõe) as suas decisões a todos, assumindo as coisas mais disparatadas: Que a utilidade marginal de cada escola é igual; que os professores são um factor de produção homogéneo; que não existem elementos diferenciadores para moldar a procura. A febre igualitária faz com que no lugar de tratar todos de forma idêntica, o estado tente forçar todos a ser iguais. One size fits all.Se existisse pelo menos um mecanismo mínimo de disseminação de informação na forma de preços livres, mesmo mantendo o nível global de despesa do estado em educação via, por exemplo, um “cheque-ensino”, a eficiência aumentaria brutalmente. Certamente que a arbitrariedade do sistema actual terminaria. O preço de determinada escola, empurrado pela procura, passaria a representar o conjunto total de atributos desta aos olhos dos pais (localização, qualidade, whatever). Se quisessem realmente ter uma escola na sua aldeia, os habitantes poderiam pagar um pouco mais, atribuindo um valor objectivo à proximidade. E se não estivessem dispostos a tal, pelo menos isso ficaria claro enquanto escolha.


Desencontro entre a oferta e a procura de professores

0 comments


A ministra da Educação reconheceu esta semana que há um desencontro entre a oferta e a procura de professores. Existem mais professores à procura de emprego do que aqueles que são necessários. Mas porque é que existe este desencontro entre a oferta e a procura? A resposta pode ser encontrada na ciência económica. As pessoas reagem a incentivos e agem com base na informação disponível. O desencontro entre a oferta e a procura resulta de informações erradas e incentivos que deturpam o funcionamento dos mercados.Um estudante pré-universitário tem de escolher a área vocacional no final do 9.º ano de escolaridade. No final do 12.º ano tem de escolher um curso superior, o qual demora pelo menos quatro anos a concluir. Tendo em conta que muitos reprovam um ou dois anos, um estudante tem de escolher a sua área profissional cinco a dez anos antes de entrar no mercado de trabalho. Como o mercado de trabalho não é estático, os estudantes precisam de informação para prever a sua evolução. E têm forçosamente de usar a informação disponível no presente para prever o estado do mercado de trabalho no futuro.Na maior parte das profissões, o melhor indicador do estado do mercado de trabalho no futuro é o valor dos salários actuais. Os salários diminuem com o aumento da oferta de profissionais. Por exemplo, se o rendimento do advogado médio é baixo, então é porque existem demasiados advogados no mercado, sendo provável que continuem a existir daqui a alguns anos. O Ministério da Educação não utiliza a oferta disponível no mercado para determinar os salários dos professores. Os salários resultam da pressão dos sindicatos e da disponibilidade orçamental. Não variam de acordo com a oferta de professores. Um estudante pré-universitário que utilize o salário dos professores como indicador do estado do mercado de trabalho acabará por fazer um juízo errado. Foi o que aconteceu aos actuais professores desempregados. Quando optaram por um curso superior relacionado com o ensino, a profissão de professor era bem paga, segura e prestigiada. O excesso de professores que já então existia estava camuflado por salários fictícios definidos politicamente. O erro de julgamento induzido pelos salários fictícios foi agravado por erros induzidos pelo financiamento público do ensino superior. Como o ensino superior é subsidiado, tanto os estudantes como as universidades tendem a ignorar sinais de alarme enviados pelo mercado. Os estudantes ignoram os sinais de alarme porque não estão a arriscar o seu próprio dinheiro. Se os estudantes tivessem de pagar o preço real da sua formação, fariam escolhas mais cuidadas. As universidades ignoram os sinais de alarme, porque o Estado subsidia-lhes os cursos, mesmo que elas enviem todos os anos centenas de finalistas para o desemprego.